Lagoa se recupera de esgoto e mortandades de peixes, e debate para futura liberação de banho volta; comitê diz que ainda é cedo

Por Chico Regueira, RJ2 –

Lagoa Rodrigo de Freitas passa por momento de recuperação ambiental — Foto: Reprodução/RJ2

A Lagoa Rodrigo de Freitas, por anos marcada por mortandade de peixes e despejo de esgoto, vive um novo momento. Com a instalação de 13 elevatórias que desviam milhões de litros de dejetos diariamente para tratamento, o espelho d’água da Zona Sul exibe sinais de recuperação.

A situação da Lagoa, e o debate sobre uma eventual liberação dela para banhistas, foram temas da terceira reportagem de uma série do RJ2 sobre a qualidade da água em pontos turísticos do Rio.

“Não se joga mais esgoto em grandes quantidades na Lagoa através de galerias pluviais. Houve um tempo em que toneladas de peixes morriam de uma só vez. A lagoa era a latrina da Zona Sul. Com muito esgoto, a água não tinha como oferecer oxigênio para os peixes”, lembra o biólogo Mário Moscatelli. Eram quase 60 pontos de despejo clandestinos.

Hoje, o esgoto de casas e apartamentos da região é bombeado por 13 elevatórias, monitoradas 24 horas de um centro de controle no Píer Mauá. Segundo a concessionária Águas do Rio, são retirados 5 milhões de litros de esgoto por dia que antes caíam direto na lagoa.

“Esse esgoto agora vai para o emissário submarino tratado. Não polui o mar, porque ele já chega lá depurado”, explica Sinval Andrade, diretor institucional da empresa.

As mudanças já se refletem na biodiversidade. O biólogo Ricardo Gomes, do Instituto Mar Urbano, monitora a transparência da água há três anos. Ele registrou espécies raras, como o microgobius meeki, peixinho filmado pela primeira vez vivo na natureza.

“O carioca só vai se envolver na luta pelo meio ambiente quando conhecer quem vive aqui. E a lagoa tem vida”, afirma Ricardo.

Além de espécies pequenas, pescadores voltaram a capturar robalos, tainhas, camarões e linguados. “Aqui só não tem tubarão e arraia”, brinca o pescador Paulo Marins, que vende o pescado no Ceasa.

E será que vai dar para nadar ?